Diagnóstico de fauna do Parque Estadual da Pedra Selada revela alta biodiversidade da região

Os estudos realizados para subsidiar a elaboração do plano de manejo do Parque Estadual da Pedra Selada (Peps) confirmaram a biodiversidade dessa unidade de conservação, criada em 2012 pelo governo do estado do Rio de Janeiro, segundo informou a equipe do Peps. Durante o ano de 2015, uma equipe de profissionais especializados em aves, mamíferos, répteis, anfíbios e peixes realizaram levantamentos de campo, apoiados por extenso material bibliográfico e consultas aos moradores da região. O resultado desse trabalho compõe um detalhado diagnóstico que dedicou especial atenção a espécies ameaçadas, raras, endêmicas e exóticas, tendo por objetivo proteger e conservar os recursos naturais do parque.

A porção central da Serra da Mantiqueira, onde se localiza essa unidade de conservação, vizinha ao conhecido Parque Nacional do Itatiaia, se destaca por concentrar um grande número de espécies, muitas delas endêmicas – que apenas ocorrem nessa região. Ao longo de suas altitudes variadas, diferentes ecossistemas formam um gradiente ecológico que influencia diretamente a distribuição da fauna dentro e no entorno do parque. Muitas espécies estão associadas a ambientes específicos e, consequentemente, possuem sua distribuição restrita a determinadas áreas, dando origem a um cenário complexo com implicações importantes para a conservação.

O total de aves com ocorrência conhecida até o momento no Parque Estadual da Pedra Selada e seu entorno imediato atinge 322 espécies. São pelo menos 113 espécies de mamíferos, sendo 34 de morcegos, 38 de pequenos mamíferos terrestres e 41 espécies de médio e grande porte. O Parque abriga um total de 53 espécies de anfíbios anuros (sapos e rãs), seis espécies de lagartos, 24 de serpentes e uma tartaruga da família Chelidae. Entre as cobras, as peçonhentas jararaca e cascavel, sendo a presença desta última possivelmente relacionada à expansão de áreas abertas que ocorreram na região e provocaram a invasão da espécie. Sete famílias e onze espécies de peixes foram amostradas, com destaque para o barrigudinho e o cascudinho. Vale ressaltar o registro do pirapetinga, espécie que figura como ameaçada, e da truta arco-íris, espécie invasora, nativa da América do Norte, que foi introduzida nos rios da região em função de escapes e solturas intencionais das fazendas de cultivo que existem na região.

Entretanto, a equipe do Peps ressalta que uma ameaça comum a quase toda a fauna é a fragmentação das florestas e a perda do hábitat. Outras causas que podem representar ameaças são: mudanças climáticas, sobretudo a espécies associadas a áreas de altitude e dependentes de ambientes e recursos muito restritos; espécies exótocas, em especial devido à presença de cães e gatos domésticos nos diversos núcleos populacionais da região; atropelamentos, com potencial de ocorrência em virtude de rodovias que cortam o Peps e áreas no seu entorno; caça e captura de espécies alvo do tráfico de animais silvestres; extração de palmito, pela modificação do habitat e perda do recurso alimentar representado pelo fruto da palmeira-juçara; incêndios florestais, que ocorrem principalmente em campos de altitude e áreas de borda de mata; e poluição e outras alterações em cursos de água, como descarte inadequado de lixo. No caso das aves o choque contra vidraças é altamente impactante, devido à presença de diversas casas rodeadas por floresta na área de entorno do parque. Recente estudo publicado pela Cooper Ornithological Society estima que um bilhão de aves são mortas anualmente na América do Norte devido a acidentes com janelas ou fachadas de vidro.

O Parque Estadual da Pedra Selada foi criado pelo Decreto Estadual nº 43.640, de 15 de junho 2012, protegendo uma área aproximada de 8.036 hectares, abrangendo parte dos municípios de Resende e de Itatiaia. Sua sede administrativa se localiza no distrito de Visconde de Mauá. Os estudos para a elaboração do plano de manejo vêm sendo realizados pela Detzel Consulting, empresa contratada pelo Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea) por meio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).

Fonte: Comunicação Peps

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