Homem se mata após tentar matar adolescente em Engenheiro Passos

Um jovem de 19 anos se matou com  uma arma após atirar contra a ex-namorada, uma adolescente de 17 anos, em Engenheiro Passos, Resende, na noite de quinta-feira, dia 24. Segundo amigos e familiares das vítimas, Bryan Luis Soares Silveira, de 19 anos, invadiu a casa da ex-namorada e deu dois tiros em seu rosto, fugindo em seguida. Segundo informações da comunidade, após receber mensagens que diziam que a jovem estava morta, o que não havia acontecido, ele teria se matado com um tiro; o corpo foi encontrado em um matagal próximo a um hotel e removido  pelos Bombeiros foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) por volta de 1h de sexta-feira, dia 25. Já a jovem foi levada por uma vizinha ao Hospital de Queluz e, devido ao estado grave, encaminhada ao Hospital de Cruzeiro, onde segue internada. Moradores do distrito criticaram a ausência de uma ambulância no local e a demora da chegada de policiais e realizaram uma manifestação na entrada do distrito.

Segundo um primo da adolescente, ela terminou o namoro devido a traições e teria começado a se relacionar com outra pessoa.

– Eles eram namorados, mas ele traía ela. Ela descobriu há alguns meses, terminou e ele não aceitou. Ele pegou a arma e atirou na cabeça e no pescoço dela. Atirou e saiu correndo. Depois recebeu mensagens pelo celular dizendo que ela estava morta e se matou. Ela operou, tirou uma das balas, mas ainda está no hospital. A avó dela também precisou ser hospitalizada e está em estado de choque. Os meus tios estão lá em Cruzeiro também. Mas o que incomodou é que demoraram horas para o pessoal da PM chegar, mesmo com DPO lá. O pessoal de Engenheiro Passos está indignado, tacaram fogo em frente à Cohab para protestar – comentou o primo Bruno Henrique.

Outra prima, Jessica Kellen Silveira Alves, negou que a adolescente estivesse em um novo relacionamento, e acrescentou que a vítima vinha sendo ameaçada por Bryan.

– Eles namoraram anos, uns três, ela largou dele e ele já vinha ameaçando ela, mas ela não dava queixa porque tinha medo. Ontem (dia 24) ele entrou na casa,onde só estavam minha prima, outra prima de cinco anos, nossa tia avó que teve um AVC e nossa avó que está com a vista operada. Ele atirou enquanto ela estava arrumando esmaltes com nossa prima de  cinco anos e a pequena viu tudo. Ele tinha vindo de bicicleta e depois dos dois tiros saiu correndo, empurrou minha tia avó e minha priminha começou a gritar e alvoroçou a rua – relatou Jessica Alves.

Ela também questionou as dificuldades no atendimento, tanto da Polícia Militar, quanto a questão da falta de ambulância.

– Não tinha uma ambulância aqui, avizinha é que pegou um carro e socorreu minha prima, levou para Queluz (SP),mas lá também não tinha recursos e ela está em Cruzeiro. Removeram a bala e agora tem que esperar 48 horas. Ela foi sedada porque foi socorrida ainda acordada. O PSF daqui tem que ter quatro pessoas durante o dia, só tem duas. Uma delas deveria ficar das 13h às 19h esperando uma concursada de Resende vir render, mas não tem mais essa pessoa. Está há três meses sem. A ambulância não estava no PSF daqui. Me falara que a Polícia Militar também não fica no DPO, todo mundo daqui ligou, mas no 190 não consegue falar. O pai dela pegou um carro e foi para Resende fazer o boletim de ocorrência e a polícia não tinha chegado – acrescentou a prima.

Após o crime, moradores queimaram pneus e pedaços de madeira para protestar contra a falta de atendimento e causaram transtornos no trânsito do local.

– Não sabia de nada, mas meu filho demorou a chegar e falou que estavam queimando pneus. Hoje me perguntaram em Resende, mas não saio de casa, não sabia. Mas é tudo difícil, médico tenho que ir a Resende – lamentou a moradora Selma Maria Batista da Silva.

– Só vimos a movimentação, o pessoal fazendo protesto. Fiquei surpresa porque conhecia os dois e pareciam super tranquilos – comentou outra vizinha que preferiu não se identificar.

Crime chocou moradores

O crime chocou alguns moradores que comentavam sobre o temperamento tranquilo do casal, especialmente da adolescente.

– Até ouvi o tiro, mas um só, mas como não estou acostumada não percebi que era tiro, achei que era alguma coisa de obra caindo. Depois é que meu esposo veio comentando. A jovem conheço, menina boa, não saía, nem via ela na rua direito. O Bryan também nunca fez malpara ninguém, só Deus sabe o que veio na mente dele – disse Roseane da Silva Almeida.

No entanto, algumas pessoas já ouviram falar de temperamento agressivo do rapaz.

– Estudei com ela e ela nunca foi de sair, mas ficou mais fechada depois do namoro. O pessoal falava que ele “judiava” dela, mas não sei se é verdade – lembrou Matheus Monteiro.

Uma amiga do jovem, Adelaide Paiva, revelou que ele vinha usando drogas ultimamente e que o relacionamento não era tão tranquilo quanto parecia.

– Eles iam e voltavam sempre, mas ele perdeu a noção, estava fora de si. Na penúltima vez que ele esteve na minha casa falei para ele não voltar, porque estava muito louco. Usava drogas e há uns meses usava muito. Antes era brincalhão, tranquilo, conversava com todo mundo. Mesmo assim a gente não esperava que isso fosse acontecer, até porque ele estava dando sinais de que queria parar. Não acho que a arma era dele, ele não tinha arma, nem gostava – descrever a amiga Adelaide Paiva.

Já a prima da adolescente acredita que o envolvimento do jovem com as drogas era ainda mais intenso.

– Ele andava em bando, tinha um pessoal junto sempre fazendo a cobertura. Disseram que ele tentou se jogar da ponte e impediram, mas recebeu mensagem que minha prima estava morta e se matou. Ele usava drogas e por isso a família sempre foi contra o namoro. Ele achava que era dono dela. Ela falava isso para mim, mas tinha medo de denunciar que ele a ameaçava – avaliou Jessica.

Além de rezar pela jovem hospitalizada, a família se preocupa com a prima de cinco anos que viu acena, e tentam distraí-la a todo custo.

– Ela não quis nem entrar no quarto mais e não fala no assunto, mas também não estamos perguntando. Está brincando e tudo, mas está quieta – concluiu Jessica.

A Polícia Militar foi contactada para responder sobre as críticas, mas setor de comando informou que só quem poderia responder seriam os agentes da sala de operações. Na sala de operações, contudo, como pode ter acontecido com os moradores de Engenheiro Passos, ninguém atendeu as ligações. A prefeitura de Resende também foi contactada, mas ainda não havia respondido até o fechamento desta matéria.