Poucas crianças mantêm tradição de “pegar doces” em Resende

Poucas crianças de Resende ainda mantêm a tradição de pegar doces nas casas das pessoas no dia de Cosme e Damião. Durante a manhã deste sábado, dia 27, quase nenhum grupo de crianças foi visto nas principais rias do Centro da cidade. Os que ainda tentavam conseguir alguns doces, voltavam para casa sem conseguir encher uma mochila.

Um grupo que ainda tentou manter a tradição foi a família do senhor José Tadeu Soares. Ele levou os dois filhos, Débora, de nove anos, e Lucas, de 12, e o sobrinho Anderson, de 11, para tentar manter a tradição.

– As crianças gostam, né, mas está difícil encontrar. Também os trouxe no ano passado, vou passeando com eles pela rua até encontrar. As coisas estão cada vez mais difíceis, quando eu era criança tinha mais. Deve ser essa crise, porque dinheiro está difícil – avaliou Tadeu.

As crianças reclamaram dos poucos lugares que distribuíam os doces, pois haviam conseguido apenas três saquinhos de Cosme e Damião, segundo Anderson. Mesmo assim, estavam ansiosos para chegar em casa e comê-los.

– A gente vai se divertir na hora que abrir – comentou Lucas.

Cosme e Damião foram dois médicos gêmeos que viveram na Ásia Menor, por volta de 300 D.C., quando esta era dominada pelo Império Romano. Por serem cristãos católicos, foram perseguidos e degolados pelo imperador Diocleciano. Há relatos que, enquanto tentavam converter a população local à palavra de Jesus Cristo, curavam pessoas e animais e distribuíam doces para as crianças, mas a comemoração católica, que na verdade é no dia 26, quando estima-se que ambos tenham sido mortos, não exige a distribuição de doces.

– Para o catolicismo, o Dia de São Cosme e São Damião é uma festa litúrgica, de celebração dos santos. Não há qualquer referência ou obrigatoriedade de se distribuir doces. Mas, se as pessoas encaram de maneira católica essa tradição e querem repetir os gestos dos santos de distribuir doces, por pura caridade, não há problemas. A comemoração católica tradicional lembra os santos, celebra São Cosme e São Damião no Evangelho e pede a interseção dos mesmos, junto aos que tem fé – explicou o professor de História da Igreja, do Instituto de Teologia Bento XVI, Felipe Aquino.

Com a vinda dos africanos para o Brasil, no período de escravidão, eles passaram a fazer associações entre as divindades católicas e as africanas para que pudessem praticar seus cultos religiosos. Eles então ligaram as figuras de Cosme e Damião à dos Ibejis, irmãos gêmeos que em troca de brinquedos e doces resolviam problemas levados a eles. Desta forma, a data passou para o dia 27 e o costume de distribuir doces se disseminou pelo país.

– Segundo a lenda, um dos irmãos morreu afogado e o outro, extremamente triste, pediu ao Deus supremo que o levasse. Conta a tradição que foi deixada na terra uma imagem em que a figura dos dois apareciam juntas e jamais poderiam ser separadas. A partir de então, as promessas passaram a ser feitas para a imagem, também em troca de doces e brinquedos – complementou Pai Nino D Osumarê, da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e do Entorno.

Informações da Pesquisa: Agência Brasil

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