O terceiro e último dia das sabatinas aos candidatos a deputado estadual e federal promovida pela Câmara dos Dirigentes Lojistas Jovem de Resende (CDL Jovem) e realizado na tarde desta sexta-feira, dia 26, foi marcado por candidatos com pouca ou nenhuma experiência em cargos e candidaturas eletivas. Participaram o vereador Irâni Ângelo (PROS) que está em seu primeiro mandato e concorre a deputado estadual, a professora Hevelyne Siqueira (PSB), que busca uma vaga de deputada federal, e a Policial Rodoviária Federal (PRF) Sandra Nascimento, que assim como Irâni também almeja uma vaga na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
O primeiro entrevistado foi Doutor Irâni, o quarto médico a participar da sabatina, que lembrou que, na Câmara dos Deputados os médicos são hoje a terceira maior bancada do país, perdendo apenas para os advogados e políticos “profissionais”. Questionado sobre a pouca experiência na vida pública, dois anos de vereança, e administrativa, afirmou que confiará no feeling durante seu mandato.
— Cabe à pessoa ter bom senso e feeling. O antigo presidente não teve instrução, mas teve esse feeling. O grau de escolaridade não diz se o candidato está bem intencionado, então não acho que a falta de instrução quanto à administração possa me prejudicar. A saúde deveria estar melhor com tantos médicos políticos, Resende já teve vários médicos prefeitos em sua história recente, mas em nosso país se faz política visando a eleição e a reeleição. As propostas são sempre as mesmas, mas entra e sai governo e continua a mesma coisa, elas são apenas um criadouro para que os mesmos se reelejam – criticou o vereador.
Questionado sobre o alto valor declarado para sua campanha, disse que este é o teto que pode alcançar dentro do que foi estipulado pelo partido, mas que é pouco, já que não necessariamente o que outros candidatos estão declarando é o que realmente estão gastando em publicidade durante o período eleitoral.
— Sou presidente do partido na cidade e só tenho ajuda dele a nível estadual. Eles jogaram a estimativa máxima de R$ 5 milhões, mas não quer dizer que eu vá gastar tudo isso, é o que eles me disponibilizaram. Embora saiba que essas informações são maquiadas por outros candidatos, que tem o caixa dois, posso mostrar tudo que foi gasto quando a campanha acabar e posso dizer que são gastos muito abaixo do que tem por aí, como na minha campanha para vereador, quando ganhei investindo apenas R$ 20 mil. Quem vota em mim, faz porque acredita no meu trabalho – avaliou o candidato.
Se Irâni tem apenas dois anos de experiência na vida pública, a segunda candidata sabatina, Hevelyne, tem ainda menos. Embora tenha trabalhado por muitos anos na Secretaria Municipal de Educação, nunca se candidatou em outras eleições e por isso foi questionada quanto à possibilidade de sua candidatura ser apenas um “termômetro” para aferir suas possibilidades de vencer uma eleição municipal para vereadora.
— Trabalhei 14 anos na Secretaria Municipal de Educação e atuei em várias coordenadorias, teve várias experiências que vivenciei e vi que não estava em nossas mãos de coordenadores realizar. A questão da Educação passa pela questão salarial e um problema grave do funcionalismo público em geral em muitas repartições é o assédio moral, com funcionários perseguidos e coagidos. Por isso busco uma nova política que respeite o cidadão, o funcionalismo e o trabalhador – desconversou Hevelyne.
A candidata, que está sendo apoiada pelo diretório estadual do PSB, afirmou que acompanhou de perto as primeiras movimentações dos então candidatos a presidente e vice de sua sigla, Eduardo Campos e Marina Silva, e que teve deles a maior parte das orientações de sua candidatura. Por isso, seus projetos são todos aqueles indicados pelo grupo político do qual faz parte.
— Acompanhei desde o início a proposta programática deles, estive em vários estados e vi como a política pública está falha em várias situações. Claro que tenho projetos, mas ouvi da Marina que não é para inventar muito a roda. Existem projetos que vou estar defendendo, programas como o PAC pela Vida, implantado pelo Eduardo Campos em Pernambuco, a escola em tempo integral, o passe livre. Fiz parte dessa nova política com o Eduardo Campos e a Marina e na minha trajetória como professora vi várias injustiças que me impulsionaram a estar aqui – resumiu a candidata.
A última candidata a ser sabatinada pelo grupo mostrou um perfil bastante diferente dos demais por estar voltada para uma causa específica, a defesa dos animais, que segundo ela é um problema de saúde pública e que nunca foi preocupação da política nacional, mesmo que tenha apelo popular.
— Não sou uma candidata genérica, mas se me apresentarem um projeto com uma questão que está prejudicando alguém, de segurança, tributária, vou agir, vou atuar. Mas meu objetivo é a defesa dos animais. A questão animal é uma questão que todo mundo sabe que algo precisa ser feito, mas que nenhum político se interessa, só quando afeta o ser humano. Ainda assim, a causa animal abre portas, então não vai ser difícil mobilizar a opinião pública, lá a mídia está em cima, em favor da aprovação de vários dos meus projetos – declarou Sandra.
Após enumerar uma série de políticas sociais relacionadas aos animais que já deveriam terem sido resolvidas e que pretende propor como projetos, os diretores da CDL começaram a fazer perguntas sobre a conduta profissional da servidora federal, que já foi presa em flagrante, em 2009, por improbidade administrativa, durante uma operação deflagrada no Paraná, e que teve sua candidatura indeferida (ela concorre após ter interposto um recurso).
— Minha candidatura foi indeferida porque fiz o pedido de desincompatibilização da PRF e por uma burocracia ele atrasou lá em Brasília e não chegou a tempo, mas já está tudo certo. Sobre o outro caso foi uma situação em que uma estrada estadual estava se tornando federal e íamos para o Paraná e ficávamos 15 dias trabalhando e voltávamos. Só que estava tendo uma eleição com uma candidata do Rio de Janeiro e uma do Paraná, então foi armada uma situação em que tivemos problemas só para falar que as pessoas do Rio eram ruins e venceu a candidata do Paraná. Mas tenho minha consciência tranquila, só espero voltar às pistas, que é onde gosto, porque não estou fora, mas faço mais a parte administrativa. Se fôssemos culpados já estaríamos fora – justificou a candidata.
As sabatinas começaram no dia 24, com as entrevistas aos candidatos a deputado federal Sílvio de Carvalho (PR) e estadual Gláucio Julianelli (PSol). Neste primeiro dia, estava prevista a participação do candidato a deputado estadual Rogério Coutinho (PT), mas no dia do evento ele enviou uma carta desistindo de participar por dificuldades de conciliar o evento e sua agenda. Chegou ao local depois que a sabatina já havia participado, mas como a CDL já havia remanejado outros candidatos, o impediu de participar. Na segunda rodada, dia 25, foram entrevistados Alexandre Serfiótis (PSD) e Cristiano Gonçalves (DEM), que buscavam vagas à Câmara dos Deputados, e Ana Paula Rechuan, que deseja uma cadeira na Alerj. O candidato a deputado federal Luiz Fernando de Oliveira Pedra (PDT) e candidata a deputada estadual Maria Luiza Machado Bastos (PP) também dispensaram o convite por incompatibilidade de agendas. Sobre os outros candidatos, a instituição não se manifestou. Ainda assim, para o presidente da CDL Jovem, Leonardo Aguiar, a avaliação da sabatina foi bastante positiva.
— Nosso primeiro objetivo foi proporcionar um espaço de igualdade de condições para todos os candidatos e levar ao conhecimento dos lojistas e associados as propostas dos candidatos daqui da região, para que consigamos ter representantes nossos na Alerj e no Governo Federal. É fato que a região é prejudicada por não ter estes representantes e por isso defendemos o voto distrital. Nossa avaliação do evento foi espetacular. Nossa missão foi cumprida como representantes da classe lojista e também como cidadãos – concluiu Aguiar, lembrando que todas as sabatinas foram transmitidas ao vivo, para toda a população, através do Youtube.
