Unegro Resende realiza 1º Seminário Estadual na Cidade

O grupo Unegro (União de Negros Pela Igualdade) Resende realizou na manhã deste sábado, dia 30, o primeiro Seminário Estadual de Cultura: Centenário de Carolina de Jesus. O evento foi realizado no Espaço Z, no Centro, e contou com a participação da presidente estadual da Unegro, Cláudia Vitalino, e com a palestra da atriz, produtora e militante da Akoben (Coletivo de Artistas e Produtores Negros por Uma Política Cultural Transparente e Verdadeiramente Democrática), Simone Cerqueira (foto capa).

Os debates giraram em tornos dos temas cultura e cidadania, juventude e educação. Foi o primeiro evento de grande porte do grupo resendense, que existe há mais ou menos um ano.

– A Unegro já faz sua militância em Resende. Nos reunimos na casa dos Conselhos quinzenalmente e no grupo fomentamos debates e reflexões em cima de textos sobre a situação dos negros. Somos uma entidade não governamental com a função de combater os tipos de racismo contra a pessoa do negro. Por isso promovemos ações, seminários, palestras, sempre promovendo estas reflexões – explicou a coordenadora de cultura da Unegro de Resende, Bianca de Fátima Lúcio de Oliveira.

Se a entidade é nova em Resende, no Brasil sua representação já existe há mais de 20 anos. Isso foi o que explicou a presidente estadual da Unegro, Cláudia Vitalino, que também faz parte da direção nacional da entidade.

– A Unegro já existe há 26 anos no país e há 18 no Rio de Janeiro. Estamos formando núcleos em quase 40 dos 92 municípios estaduais com o objetivo de discutir e fomentar políticas públicas e debates sobre questões raciais. Fomos os primeiros a debater o extermínio da juventude negra, em 1991 – lembrou Vitalino.

Ela mencionou também a importância de realizar um trabalho de valorização do negro a partir dele mesmo, já que frequentemente é associado à criminalidade e situações negativas.

– A gente precisa trabalhar não é o negro vitimizado, mas inserido de fato na sociedade. São importantes as políticas públicas, mas também seu reconhecimento, sua valorização. O negro tem que se reconhecer e saber que pode mais – frisou a presidente estadual.

Uma das entidades que participaram do evento,  foi a Akoben, que nasceu em 2012 e busca a democratização das oportunidades na área de artes no país.

– Ela surge da indignação em cima da não transparência em editais de artes cênicas. Tenho uma companhia de teatro há 18 anos e recentemente  foi o primeiro edital que ganhamos. Em 2012 a Funarte lançou um edital para protagonista negro e produção negra. O Wilton Rocha, da Cia dos Comuns, colocou um projeto com 15 companhias e não ganhou. Ao invés disso, venceu um com apenas cinco espetáculos e, embora fosse uma história negra, as produtores eram todas brancas. Foi quando começamos a movimentação – lembrou a produtora e diretora de artes cênicas, atriz e militante da Akoben, Aduni Benton.

Simone Cerqueira lembra que o edital vencedor também não especificava as atividades que seriam promovidas, suscitando desconfianças e motivando a mobilização de artistas negros em sua contestação. Atualmente, a Akoben conta oficialmente com mais de mil artistas de todo o país luta para que 20% do Orçamento do Ministério da Cultura seja voltado para a cultura negra. A luta começou pleiteando 40%, mas diante das dificuldades, o grupo recuou para um valor menor.

Ao final das palestras e debates, foi distribuída a primeira edição da revista Rebele-se, voltada aos trabalhadores negros do país e produzida pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, ligada ao Governo Federal. O evento de Resende contou com apoio da Secretaria Municipal de Relações Comunitárias.

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